A bacia hidrográfica do Rio Limpopo passa a beneficiar-se de um protótipo de gêmeo digital para melhorar da gestão dos recursos hídricos. Trata-se da primeira ferramenta Africana de gestão de dados hidrológicos desenvolvida pelo Instituto Internacional de Gestão da Água (IWMI) em parceria com o PNUD, GEF e a Global Water Partnership Southern Africa (GWPSA), e será implementada pela Comissão do Curso de Água do Limpopo (LIMCOM).
O sistema foi apresentado em Maseru, Lesoto no último mês de outubro, num acto que marcado pela assinatura do Memorando de Entendimento entre as partes e foi explicado que a ferramenta contém conjuntos de dados estruturados, incluindo um modelo hidrológico continuamente actualizado, dados de fluxos ambientais, volumes de reservatórios e modelos preditivos, projectada para fortalecer decisões baseadas em evidências e promover a gestão colaborativa da água na bacia.
Para o secretário executivo da LIMCOM Sérgio Sitoe, o desenvolvimento deste gêmeo digital foi baseado em informações coletadas pelos Estados-membros (África do Sul, Botswana, Zimbábue e Moçambique), tendo afirmado que, “precisamos garantir que apoiemos os pesquisadores na melhoria da gestão dos recursos hídricos da bacia do Limpopo".
A LIMCOM, que representa os quatro países que compartilham o Limpopo – África do Sul, Botswana, Zimbábue e Moçambique – terá acesso ao portal do protótipo, permitindo explorar sua funcionalidade e ferramentas, que apesar de ainda estar em fase inicial, o protótipo já conta com recursos essenciais, como visualizações de dados, monitoramento de reservatórios e um assistente virtual com inteligência artificial.
Os ecossistemas diversos da bacia do Rio Limpopo sustentam 18 milhões de pessoas. No entanto, eventos hidroclimáticos extremos, degradação do solo, má qualidade da água, uso excessivo dos recursos hídricos, urbanização e crescimento populacional ameaçam o ecossistema, comprometendo sua resiliência e segurança hídrica. Todos esses desafios são agravados pelas mudanças climáticas.
Mariangel Garcia Andarcia, líder do grupo de pesquisa "Water Futures and Data Analytics" do IWMI, destacou a importância dessa parceria no contexto de dados e digitalização “este é um marco muito importante, pois representa o compromisso da comunidade LIMCOM e dos países ribeirinhos em colaborar no compartilhamento de dados e informações para a tomada de decisões”
O Memorando de Entendimento (MoU) abre caminho para a colaboração, e acreditamos que integrar o gêmeo digital ao sistema de informações de gestão do Limpopo, com o suporte contínuo do IWMI, ajudará a preencher as lacunas de dados que identificamos.”, bem como impulsionar a digitalização da gestão hídrica na região, promovendo a coleta e o compartilhamento de dados para decisões baseadas em evidências.”
De referir que um gêmeo digital é uma representação digital de um objeto físico, pessoa ou processo, contextualizada numa versão digital do seu ambiente que ajudam a simular situações reais e seus resultados, permitindo, assim, que ela tome decisões mais acertadas.